Trombofilia na Gestação

Por: Dra. Camila Takase

A pedidos das leitoras, vamos falar sobre a trombofilia na gestão. A trombofilia é uma alteração no sistema de coagulação do corpo que ocasiona maior propensão a desenvolver coágulos ou trombos. Ocorre por mutações ou deficiências na produção dos fatores de coagulação e pode ser hereditária ou adquirida. Existem vários tipos:

– Deficiência de antitrombina: é a mais rara e a que provoca maior risco de trombose.

– Mutação do Fator V de Leiden: é a mais comum e provoca um risco moderado de trombose.

– SAAF (Síndrome do anticorpo antifosfolípede): é a trombofilia adquirida de maior importância na gravidez. Cerca de 16% dos abortamentos de repetição estão relacionados com essa síndrome.

– Mutação do gene da protrombina: trombofilia de menor risco para trombose

– Deficiência de proteína C e S: risco moderado.

Durante a gravidez já ocorre naturalmente um estado de “hipercoagulabilidade” do sangue materno para auxiliar na contração uterina e no controle da hemorragia pós parto. É por isso que muitas mulheres portadoras de trombofilia descobrem a doença após alguma complicação na gestação, pois há uma maior chance de produzir trombos que podem obstruir vasos da placenta podendo ocasionar abortos precoces de repetição, óbito fetal, descolamento prematuro de placenta, eclâmpsia precoce, entre outros. Agora vale lembrar que não são todas as paciente com trombofilia que irão desenvolver complicações na gestação, isso ocorre em apenas 0,5 a 4% dos casos.

Sempre que uma paciente chegar para uma consulta com um mal passado obstétrico, temos que pensar em trombofilia. Aquelas com antecedentes familiares ou história de trombose com uso de anticoncepcional também devem ser pesquisadas.

Feito o diagnóstico (através de uma complexa investigação laboratorial), o tratamento deverá ser iniciado para prevenir as complicações. Medicações como o AAS (ácido acetilsalicílico), heparina e suplementação de cálcio serão utilizados para controlar a coagulação e evitar a formação de trombos. A boa notícia é que com o tratamento adequado, as chances de sucesso são elevadas!

A trombofilia não é uma indicação absoluta de parto cesárea, porém em algumas situações pode-se indicar a resolução da gestação assim que se estabeleça maturidade fetal, afim de se evitar complicações do final da gravidez como o óbito fetal repentino. Medicações para acelerar a maturidade pulmonar do bebê também podem ser utilizadas.

O tratamento deverá ser mantido inclusive no período pós parto para prevenir a trombose materna. A amamentação deve ser mantida e incentivada.

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