Congelamento de Óvulos

Por Dra. Camila Takase

Atualmente uma grande parte das mulheres está deixando para engravidar cada vez mais tarde. Seja por motivos profissionais, busca de estabilidade financeira ou por ainda não ter encontrado um parceiro ideal, estas mulheres podem contar agora com o congelamento de óvulos para facilitar uma gravidez no futuro.

A mulher nasce com uma média de 2 milhões de óvulos imaturos, e já na primeira menstruação este número diminui para 400 mil. Durante a fase reprodutiva, todo mês, mais ou menos mil óvulos são recrutados,  porém apenas um óvulo atingirá o seu amadurecimento completo. Portanto, 999 óvulos são perdidos todo mês, o que significa um déficit de quase 12 mil por ano.

Com o passar do tempo, restarão poucos óvulos para serem fertilizados e além disso os que restarem, por já estarem “mais velhos”, têm pior qualidade e menor chance de fertilização.

O período ideal, com maiores chances de engravidar, vai dos 25 aos 30 anos. Após esse período, sua fertilidade vai caindo. Portanto se você está com 35 anos e pretende ser mãe um dia mas não agora, o congelamento de óvulos pode ser uma opção para facilitar uma gestação no futuro.

A vitrificação

Desde a primeira fertilização in vitro, ocorrida há 30 anos atrás na Inglaterra, muitos avanços na área da reprodução assistida têm ocorrido, beneficiando inúmeros casais com dificuldades para engravidar.

De acordo com dados da Sociedade Brasileira de Reprodução Humana (SBRH), o primeiro caso de gravidez com óvulo congelado ocorreu em 1986. No Brasil, este procedimento vem sendo feito com mais segurança e maior sucesso desde 2008.

Conhecido como vitrificação, o congelamento de óvulos consiste no  armazenamento destas células em nitrogênio líquido, para depois serem fertilizadas em laboratório. 

Antigamente, cerca de 90% dos óvulos congelados eram perdidos. Os óvulos congelados muitas vezes perdiam qualidade por serem armazenados de uma forma ainda não tão adequada, resultando em problemas  de cristalização na hora do descongelamento. Atualmente,  graças a vários aperfeiçoamentos que foram realizados em todo o  processo, este número caiu para 10%. 

Para isso a mulher recebe medicações para induzir a ovulação e assim produzir uma quantidade maior de óvulos. Posteriormente esses óvulos são puncionados e congelados pelo tempo que for necessário.

Assim que estiver decidida a ser mãe, os óvulos serão descongelados e fertilizados in vitro. Depois de formados os embriões, estes serão implantados no útero da mãe.

Hoje a medicina reprodutiva está conseguindo excelentes resultados, com chances que giram entre 30% a 40% de sucesso de gravidez. Um ponto interessante é que uma mulher de 40 anos, que congelou seus óvulos com 30 anos, tem a mesma chance de uma mulher de 30 anos que irá se submeter a fertilização, pois seus óvulos não envelhecem.

Outra situação que reduz a reserva ovariana feminina e na qual o processo de  vitrificação é aconselhado é quando a paciente foi diagnosticada com câncer e será submetida a tratamentos oncológicos, como quimioterapia e/ou radioterapia na região pélvica. Nestes casos, a retirada dos óvulos para o congelamento tem que acontecer antes do início do tratamento, caso seja comprovado que estas células não estão  completamente afetadas pela doença.

Vale ressaltar que na vigência do tratamento de câncer não se pode fazer de maneira nenhuma a estimulação hormonal, pois corre o risco de aumentar também a produção de células doentes.

Mulheres que irão passar por cirurgias em que será retirada parte do tecido  ovariano (por exemplo, cirurgias de endometriose), também podem utilizar esta técnica para preservar o seu desejo de engravidar, assim como aquelas com histórico de menopausa precoce na família.

Relações profissionais

CONVERSE COM A GENTE